sábado, 23 de fevereiro de 2013

Bloco Maria Fuá nas ruas do Jardim Calux

Os pequenos foliões vinham chegando, gritando “tia Cris” no portão e de longe os ouço anunciar animados a saída do Bloco Maria Fuá.

- Bora gente, que a criançada já está chamando...

Vamos descendo as fantasias lá pra Praça e as nuvens se formando.

“Faça chuva 
ou faça sol 
o Bloco Maria Fuá 
vai brincar mais um ano !!!”

“Boca para que disseste, 
parou-se tudo imediatamente 
e as crianças lá na Praça 
correram pra garagem 
muito contente.” 

(É o que diria um dos narradores da peça "A Moça que casou com o Diabo”)

Escolhe a fantasia, põem uma máscara, um arquinho de coração, confete e serpentina, vai começar a agitação!

Pelo jeito São Pedro também queria pular carnaval, então, começamos a brincadeira ali na garagem mesmo, nós dançando cá dentro e São Pedro dançando lá fora.

























Não sei descrever o que senti naquela hora, tocava e cantava conectada com tudo o que acontecia. A magia de ver o espaço se transformar em outro, a alegria da dança, da brincadeira de jogar confete no outro, serpentina no ar, trenzinho. Que tal uma pausa para um refrigerante?

Pois não foi que nessa pausa São Pedro também parou de dançar? 

São Pedro toma refrigerante?

Todos preparados? Vamos chamar a dona dessa festa, a nossa grande Maria Fuá!

Ao som de seu hino ela surge toda faceira, pulando, girando, dançando, soltando seu cabelo azul novo, encantando, assustando, matando sua vontade de foliar.

Viva a Maria Fuá!

Viva a Cia. As Marias!

Viva todos os foliões do Calux!

Oh, abre Alas que eu quero passar

Eu sou Maria, não posso negar

Eu sou Maria, Maria Fuá.






As pessoas vão apontando nas janelas pra ver o Bloco passar, logo tiram o celular do bolso e a Fuá faz pose pra foto. Os amigos circenses na perna de pau também fazem graça interagindo com os moradores. 

 





Logo adiante encontramos o amigo Galo grafitando seus peixes encantados. Paramos num boteco e damos nosso recado pra turma do funil de que cachaça não é água. A avó da menina Larissa pega o microfone e expressa de todo seu coração o amor pelo corintians. Interagimos com os marmanjões da laje. “Se você não vai até a folia a folia vem até você.” Não conseguimos passar por todas as ruas, mas todas as ruas passaram por nós. As pessoas aguardavam nas esquinas, acenavam, brincavam, riam e assim íamos fazendo a brincadeira. Um apareceu dizendo ser músico e a Isabela passou a caixa pra ele. “Manda ver camarada, manda a ver”. 











Descemos a última ladeira cantando as marchinhas mais líricas, viramos a esquina com o “tá chegando a hora e eu tenho que ir embora”. De volta à garagem nos despedimos da Fuá com a promessa de sua volta ano que vem.

De portão aberto a Dona Maria nos esperando para servir pão com carne louca e refrigerante. 

“Ninguém vai embora não, vamos lanchar! ”

Meus ombros latejando de dor por conta do surdo.


 “Todo ato de amor que se pretenda genuíno envolve 

alguma dose de sacrifício”. 


E o que é uma dor nos ombros, que eu só fui sentir depois que parei de tocar, perto

da folia maravilhosa que fizemos acontecer? 

E pra terminar, aqui vai meu agradecimento a todos aqueles que compareceram nessa brincadeira, em especial aos amigos e parentes parceiros que trabalharam para que esse Bloco ganhasse às ruas. Aos amigos circenses da ONG Pró-Circo, aos amigos e apoiadores Neusa Borges e Ditinho da Congada Parque São Bernardo, Cris, Dona Maria, Tati, Silmara, Isabela, Anderson e Patrícia.

Ano que vem tem mais...


 Cibele Mateus
fotos: Anderson Gomes



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